A minha mãe sentia um ódio "cortante" pelo meu pai, e tinha muitas razões para isso. Todas as discussões começavam por: o meu pai chegar tarde a casa; não atender o telefone;cheirar ao perfume horrível de outra mulher ou então receber mensagens muito estranhas de números nunca identificados pelo nome da pessoa em questão. Depois de grande insistência da parte da minha mãe, e após muito ataque ao meu pai. O meu pai lá acabava por admitir, dizer quem era a pessoa e jurar que nunca mais iria fazer aquilo. Juravam sempre por nós (os filhos), diziam sempre que iam tentar mais uma vez (por nós). Que aquilo era só uma fase. Mas não era.... A primeira vez que me apercebi que os meus pais já não estavam bem tinha 8 anos mais ou menos... E naquela altura, em que acreditava no "Felizes para sempre", numa família perfeita na qual só existia amor e respeito... aquilo caiu que nem uma bomba na minha cabeça. Não posso dizer que fui uma criança infeliz, porque não fui. Tentei sempre manter-me bem, ver as coisas sempre do lado mais cor-de-rosa... Mas quer queira quer não, aperceber-me que o Mundo não é assim tão belo quando se tem apenas 8 anos é complicado. É como um desabar de crenças, de imagens que criamos na nossa cabeça. E naquela altura o meu pai era o meu ídolo, como ainda hoje o é... Mas naquela altura ele era a pessoa na qual eu me queria tornar quando crescesse. Sempre que me perguntavam: "O que queres ser quando fores grande?" Eu respondia : Quero ser técnica de informatica como o meu pai". Porque eu orgulhava-me e amava , tal como ainda amo hoje , aquele homem. Porque sei que o vou ter sempre comigo, independentemente de tudo. Pode não ter sido correcto com a minha mãe, mas para mim sempre o foi, sempre esteve lá. Por isso a maior dor naquele processo todo não foi o facto dos meus pais já não estarem juntos, de já não morarem na mesma casa, foi sim o destruir da imagem que eu tinha do meu pai, do meu conceito de felicidade e de amor. Porque eu admito, hoje sinto-me muito bem , e sinto que os meus pais na altura fizeram uma boa decisão em separarem-se.Actualmente sinto-me mais leve, não sinto aquela energia negativa de quando eles estavam juntos, quando brigavam e gritavam um com o outro. Eles agora dão-se melhor do que se davam antes, sinto que conseguem ter uma conversa sem brigarem. Porque já não existe aquela obrigação de estarem juntos. Estão juntos quando querem e falam quando querem. Mas a tal questão de ter de remodelar todos os meus conceitos tão nova, fez-me crescer. E comecei a sentir que estava mais matura, que conseguia perceber melhor as coisas e que já não fazia um drama tão grande de coisas sem importância. Tal como agora faço... Posso ter os meus dramas e de ficar aborrecida com algumas coisas, mas tento sempre que "coisas mínimas" não se apoderem de mim. E tento mais uma vez, ver sempre o lado positivo em tudo o que faço mesmo que algumas coisas me arrasem por completo.
Para terminar gostava de dizer aos meus pais que acima de tudo os amo muito, amo de uma maneira pura e sem artimanhas, porque afinal de contas foram eles que me trouxeram a este Mundo, foram eles que me tornaram na pessoa que sou hoje e que com todos os meus defeitos me amam e me apoiam em todas as situações.
Obrigado por serem como são comigo, obrigado por confiarem em mim e verem em mim uma amiga. Porque para mim vocês são os melhores, e sem dúvida alguma as pessoas que vão estar sempre no meu coração.